O catarinense Evandro Schwirkowsky, disse nesta segunda-feira (22), que foi morar com o seu companheiro em Itaparica, na Bahia. O jovem de 23 anos, que foi dado como desaparecido após a tragédia de Brumadinho. Ele decidiu deixar de dar notícias aos parentes por conta das ameaças que vinha sofrendo do pai, pelo fato de ser homossexual. Alegou que tentou inúmeras vezes se aproximar do pai, mas sempre era respondido com ameaças.
O jovem esteve em Brumadinho no dia do rompimento da barragem de rejeitos da Vale, mas deixou a cidade horas antes da tragédia, onde tinha ido em busca de emprego.
Ele alegou que esteve em uma pousada que ficava bem próxima da Barragem da Vale. O seu namorado, Edemilson de Jesus Silva, foi quem acionou as equipes de resgate, informando que o namorado teria ido a Brumadinho em busca de emprego. E que poderia ser umas das vítimas do desastre ambiental.
Em fevereiro deste ano, o Instituto Geral de Perícias (IGP) chegou a fazer a coleta de material genético do pai de Evandro para comparação genética das vítimas. Na ocasião, o pai dele, o agricultor Mauricio Schwirkowsky, disse que estava muito chocado e que tinha falado pela última vez com o filho no Natal do ano passado, demostrando que os dois não eram tão próximos como pai e filho, devido ao preconceito.
O catarinense conta que após a tragédia de Brumadinho, viajou de Minas para Salvador, mas ficou incomunicável para que a família pudesse “se livrar” dele e parar com as ameaças constantes. Ele ficou sem falar até com o companheiro, pois estava muito abalado emocionalmente. Relatou que ficou vagando pelas ruas sem destino certo, pois não queria voltar para casa e prejudicar Edemilson, com medo que a família de Corupá os encontrasse.
Ele disse: “Eu fui para Minas Gerais e fui passando por várias cidades, entre elas Brumadinho. Sou apaixonado por queijo, por cidades tranquilas e foi por isso que fui até lá. Depois da tragédia, eu tive a ideia de não me comunicar com ninguém para me ver livre da minha família e eles também se verem livre de mim. Na hora do desespero, a gente faz qualquer coisa. Eu também fiquei sem falar com ele [o companheiro] porque eu estava com medo de que acontecesse algo com ele. Eu estava pensando mais no próximo do que em mim mesmo”.
Evandro e Edemilson estão juntos há seis anos. Eles moravam em Corupá, no norte catarinense, onde trabalhavam em uma plantação de bananas. Evandro conta que, após a morte dos avós, deixou a casa onde morava por conta das ameaças do pai. A mãe biológica morreu há seis anos.