Após passar pelo massacre e viver momentos de terror dentro da escola Raul Brasil, em Suzano, os alunos voltaram para suas atividades escolares.
O ataque dos atiradores deixou muitos feridos e dez pessoas mortas, incluindo os dois atiradores, um cenário traumático que não é nada fácil esquecer.
Com a volta as aulas, os alunos e funcionários tentam retomar o convívio e a normalidade do lugar, retomar a interação entre os amigos, colegas, professores e demais funcionários.
Alguns destes alunos, falaram sobre como se sentiram ao entrar novamente na escola, entre os vários sentimentos, alguns relataram sentir medo, outros relataram insegurança e claro, a saudade que aperta o coração, por aqueles que se foram.
Rhyllary Barbosa dos Santos, 15 anos
A jovem de coragem, lutou com um dos atiradores durante o ataque, para ela esquecer tais cenas será muito difícil, a adolescente já esteve na escola por três vezes.
“Foi, sim, uma coisa horrível o que aconteceu, e isso não vai sair da nossa mente. A gente não vai conseguir esquecer. É um sentimento horrível quando a gente se aproxima da escola, porque de alguma forma a gente revive o momento, lembra de tudo o que aconteceu, das cenas que a gente viu lá dentro, do desespero que a gente passou”.
Leonardo Martinez Santos, 16 anos
O jovem, não chegou a ver os atiradores e também não viu toda a cena desesperadora. Ao ouvir os primeiros tiros Leonardo tentou fugir do local, ao subir em uma árvore para a fuga, ele caiu e quebrou o pé, com a fratura ele terá que ficar 40 dias de repouso. Sobre voltar as aulas, é algo difícil mesmo que em outra escola.
“Não sei se estou preparado. Falta segurança em todas elas. Eu preciso entrar e sentir como vai ser”.
José Vitor Ramos
O jovem que foi atingido no ombro por um golpe de machado, não quer voltar as aulas. Em recuperação da cirurgia, o garoto tem resistido ao tratamento psicológico prestado as vítimas do massacre, sua mãe, Sandra revelou que ele disse que “não tinha necessidade”.
“Eu queria que ele fosse amanhã, mas ele não está querendo, não. Vou tentar convencê-lo a voltar, quero que ele volte para rever os amigos”, disse a mãe de José Vitor na segunda-feira (26).
Khetlynn Adrielly, 16 anos
Ao voltar para a escola, na terça-feira, 26, a menina se sentiu mal por ter uma forte ligação com uma das funcionárias que morreu no massacre, a inspetora Eliana Regina de Oliveira Xavier.
“Me senti com muito medo, insegura, e também [senti] saudades. Porque eu tinha muito vínculo com a tia Eliana e eu senti muita saudade dela. Sempre que a gente chegava, ela estava lá, sempre com um sorriso no rosto. Então, acho que foi uma barra muito pesada não vê-la”.
Letícia de Mello Nunes, 15 anos
A adolescente foi atingida por uma bala, que atravessou a região lombar, Letícia faz fisioterapia, mas ainda tem dificuldade para andar
“Ela só vai voltar às aulas quando a fisioterapeuta liberar”, explicou Valéria Mello, mãe de Letícia.
Samanta Oliveira Silva, 17 anos
A jovem revelou sentir alegria de poder rever as amigas, no entanto, o medo ainda é maior.
“Estou feliz por estar com minhas amigas aqui. [Mas também sinto] medo é por não ter segurança na escola. Nós ficamos com medo, qualquer barulhinho… Eu reparei que eles estão fechando o portão agora. Eu também ouvi um barulho hoje e já fiquei [pensando]: Meu Deus!”
Thalita dos Santos Moreira, 17 anos
Thalita espera que aumentem a segurança na escola e acredita que esta seria a solução para diminuir o medo das vítimas.
“Creio que eles vão colocar segurança, por tudo o que aconteceu e para amenizar o medo”.
Matheus Henrique Ferrari, 16 anos
Para o jovem a volta a aula foi algo muito positivo.
“Foi interessante [voltar à escola]… Até a gente teve todas as atividades e tudo mais, pôde desabafar, reencontrar os amigos. Tranquiliza bastante”.
Claudio Guedes Soares, 15 anos
O jovem se surpreendeu com o clima de descontração entre os alunos, não era o que ele esperava encontrar.
“Não está um clima pesado como eu achei que estaria. O clima está até que bem leve. A gente já está começando a dar risada, nosso clima de jovem mesmo”.
Rafael Fernandes, 16 anos
O adolescente se diz preparado para este retorno a escola, ele acredita que ficar adiando este momento não seria propício.
“Eu acho que o retorno às aulas para muitos foi uma coisa assim, muito rápida, mas acho que não é bom ficar adiando. Eu me sinto preparado para voltar às aulas, até porque eu vejo como se não seria bom eu ter perdido meus amigos e depois abandonar a escola”.