A atriz e humorista, Ingrid Guimarães, 46 anos, é uma das celebridades mais queridas e carismáticas do momento. Sucesso no teatro, TV e no cinema, Ingrid arranca risadas por onde passa. O que muitos não sabem, é que nem sempre a vida foi cheia de flores, Ingrid passou por muitos obstáculos para chegar onde está hoje.
Bebê e criança com ritmo diferente ‘a problemática’
Ainda bebê, Ingrid já mostrou que seria diferente de todos, ao começar a engatinhar, ela fez para trás e não para frente como normalmente acontece. Os anos se passaram, e ela se transformou na criança ‘café com leite’, aquelas que nas brincadeiras só marcam presença, mas não contam pontos, isto porque Ingrid era considerada a criança mais lenta, na cidade de Goiânia, onde nasceu.
Embora ela fosse uma criança saudável, era considerada a ‘garota problemática’, apenas pelo fato de ser diferente dos demais. Na escola, Ingrid odiava as aulas de balé, até tentou outras opções, como o jazz, sapateado, fez aulas de flauta e tentou o tênis, porém em vão, o que ela mais gostava de fazer, era montar figurinos no closet de sua mãe, para apresentar peças teatrais que ela mesma criava em sua casa.
Adolescência e Bullying
Ingrid estava com 13 anos, quando sua família foi morar no Rio, onde ela passou a ser chamada de caipira, por não se enquadrar na elite carioca. Ela foi vítima de bullying na escola, e teve muita dificuldade de se enturmar, apenas conseguindo alguns amigos, quando entrou para o teatro.
“A minha vida foi realmente um inferno, aquele lugar não era pra mim. Ninguém queria fazer trabalho comigo. Teve um acidente nuclear em Goiânia que ficou conhecido como Césio 137, em que morreu muita gente, inclusive uma menina chamada Ingrid. Fizeram um desenho disso e colocaram em cima da minha mesa. Mas eu não tinha a consciência de falar sobre isso em casa ou com a diretora da escola”.
Passaram-se 3 anos, ela já estava mais familiarizada com o ambiente, passou a fazer parte do elenco da peça Confissões de Adolescente, na qual permaneceu até os 22 anos. Esta fase foi primordial para que ela se descobrisse como escritora. Usando este talento nato, ela começou a usar as suas diferenças para criar histórias.
“Me sentia um patinho feio, meu rosto era cheio de espinhas, mas eu não chegava a ficar deprimida. Meus pais me deram a segurança de que eu podia ser do jeito que eu era. Passei a não querer ir mais para a escola até me refugiar nas aulas de teatro. O teatro me salvou. Tinha um professor maravilhoso que entendeu que aquele era o meu lugar.
Usei todo o sofrimento por não me sentir bonita na adolescência a meu favor. O humor me salvou”.
Carreira de atriz e humorista
Ingrid tinha muito talento, porém, não conseguia papéis de destaque, diziam que novelas não eram para comediantes: “Era fora do padrão, me achavam exótica”. Em sua carreira encontrou muitos obstáculos para se enquadrar aos personagens disponíveis, nas novelas apenas conseguia trabalhos para interpretar secretárias e empregadas, no humor, apenas fazia a feia ou a gostosa, seguida de piadas machistas.
Aos 26 anos, Ingrid recebeu o pior papel, aquele em que nem era possível fugir, inesperado, dramático, triste: órfã. Seu pai e maior fã, faleceu de fibrose pulmonar. “Foi a pior fase da minha vida. Ele era meu maior incentivador e não viu a virada na minha carreira acontecer”.
A virada na carreira aconteceu com a peça Cócegas, em parceria com Heloísa Périsse, foi o empurrão que alavancou seu sucesso. Elas ficaram 11 anos com a peça em cartaz, e ganhou a indicação ao Prêmio Shell como melhor autora.
Ingrid relata que a comédia é um ramo difícil para se seguir e requer muita dedicação e trabalho, muitas vezes pouco valorizado pelas pessoas. “Porque parece fácil. O ato de gargalhar parece menos importante do que o choro, mas tem uma profundidade incrível. É preciso esforço para acertar a piada. O humor é generoso, salva pessoas doentes, consegue abrir canais entre pessoas na leveza. E fazer humor é difícil, não tem escola no mundo que ensine comédia. É um dom”.
Família e aborto
Ingrid conheceu seu esposo, Renê Machado, durante uma apresentação da peça Cócegas, eles estão juntos a 15 anos e são pais de Clara, de 9 anos. Ingrid revelou que por duas vezes tentou novamente engravidar, mas teve as gestações interrompidas por abortos espontâneos. Embora tenha passado por essas tristes experiências gestacionais, ainda existe a possibilidade de uma nova gravidez.
“Perdi um aos 40, com oito semanas de gestação, e o outro com 42, com seis semanas. Foi muito triste. É sempre um luto achar que vem e não vem. É uma dor muito particular da mulher. A gente se culpa, acha que perdeu por estar trabalhando muito”.
Medos
Ingrid faz terapia há 27 anos, ela revela que isto foi necessário para que ela pudesse se encontrar na vida. Por muito tempo ela se sentiu a desajeitada, diferente e desengonçada, mas hoje entende que cada um tem seu jeito de ser e todos são importantes com suas diferenças, afinal ser diferente é um diferencial que pode ser favorável.
Seu único medo é relacionado com a filha, Clara, ela teme que algo ruim aconteça com ela.
Novos trabalhos
Ainda neste mês, será o lançamento de ‘De Pernas pro Ar 3’, em maio, ela participará da novela Bom Sucesso, na Rede Globo, sua personagem será rival de Grazi Massafera. Em junho, estará comandando o programa Tem WiFi, no GNT. Ingrid também está se dedicando ao novo filme, inspirado na história da ativista Sabrina Bittencourt, uma das líderes das denúncias sobre abuso a mulheres, contra João de Deus.