PM paulista tem 1º policial transexual de sua história

Pela primeira vez na história de mais de 188 anos da polícia militar do estado de São Paulo, um soldado que entrou na corporação como mulher em 2016 foi reconhecido como homem pela corporação. Sendo este o primeiro caso de um transexual na entidade.

Trata-se de Emanoel Henrique Lunardi Ferreira, soldado da PM, trabalha na região de Ribeirão Preto, em uma cidade chamada Ituverava.

Em 2016 o agora soldado Henrique entrou na corporação, na ocasião como mulher, chamada Emanoely. No ano de 2018, Emanoely solicitou que fosse reconhecido como gênero masculino, e a polícia militar atendeu seu pedido. Ela passou a ser tratada como ele, e chamado de soldado Henrique. Todo o processo de reconhecimento durou quase 1 ano.

Henrique nasceu como mulher, mas segundo ele, nunca se identificou com o gênero feminino, sempre se viu como homem. Gostava de garotas, e ainda na adolescência assumiu ser homossexual. Chegou a procurar terapias e psicólogos, que o ajudaram a se descobrir transexual.

Ele disse em entrevista ao portal G1: “Eu entrei como mulher. Eu não sabia das questões transgênero. Eu não sabia sobre transição, nada a respeito. Então eu não sabia que era trans”.

Em entrevista, a capitã Cláudia Lança, chefe de comunicação social da PM em Franca afirmou ao portal: “A Polícia Militar tem 188 anos e este é o primeiro caso de transexual. Temos casos de homossexuais na PM, mas de transexual é o primeiro caso. A PM, com isso, deseja mostrar que está aberta sim a acolher e a receber pessoas com identidades de gêneros diferente, com opções sexuais diversas.”

Henrique declarou ainda que antes de dar início a todo o processo, teve muito medo de ser expulso da polícia militar. Ele não tinha muito conhecimento, não sabia que a lei lhe garantia direitos referentes ao reconhecimento pelo gênero que se identifica.

No ano de 2017, o soldado começou um tratamento hormonal à base de testosterona. A intenção era deixar a aparência de mulher e passar a ter a aparência e características de um homem. Ele disse: “Eu nunca me senti muito à vontade”, diz o soldado sobre o corpo biológico de mulher com o qual nasceu.

“Se eu parar a transição, pode ser que, com o tempo, a minha menstruação volte. Não é o que eu quero”. Em 2018 ele também realizou a cirurgia para retirada dos seios. Após a autorização da PM, Henrique deixou o uniforme feminino de lado, batom, a maquiagem, coque nos cabelos, e pôde raspar a cabeça, o que era seu sonho.

Ainda naquele ano, alterou nome e gênero na certidão de nascimento. Deixou de se chamar Emanoely Lunardi Ferreira, gênero feminino. E passou a se chamar Emanoel Henrique Lunardi Ferreira, gênero masculino. A sua mãe foi quem lhe ajudou a escolher o novo nome.

Apoio:

O sargento Celso de Oliveira Louzada, colega de Henrique, declarou ao portal a importância de aceitá-lo: “Como ele mesmo disse, não foi nada fácil. Porém, o que eu tinha que fazer? Tinha que apoiar por que eu precisava de um parceiro comigo”, diz Celso. “Eu procurei dentro das possibilidades sempre estar tratando já no gênero masculino. Na verdade, cada vez que eu tratava no gênero masculino eu estava dando o maior apoio ao policial. E acredito que ele se sentia mais realizado.”

Henrique declara estar muito feliz com o desfecho do seu caso dentro da corporação. “Eu não tinha ideia que era tão importante. Quando eu levei a questão para a instituição, eu não queria ser o primeiro. Eu queria que fosse natural”, fala o soldado sobre o fato inédito para a Polícia Militar e, principalmente, para os transexuais.Veja o antes e depois: