Nesta semana, mais uma cena deprimente foi filmada na periferia da zona de guerra que se transformou o Rio de Janeiro. Nas imagens, um cidadão grava um intenso tiroteio entre policiais a bordo de uma viatura blindada e traficantes. O detalhe revoltante ele mostra: crianças encurraladas num local, se protegendo das balas.
*Confira o vídeo ao final da matéria.
“Aí, pô! Sacanagem. Isso é hora de criança, pô! São 5h da tarde. Os caras sabem que os bandidos vão atirar, os caras sabem. Pô, olhe as crianças aí, vindo da escola! Senhor governador, faz um favor: evita tiroteio no horário das crianças”, reclama o homem enquanto grava o vídeo.
Segundo informações não oficiais, a localização de onde ocorreu o tiroteio seria numa das favelas do Complexo do Chapadão. Constantemente a imprensa noticia os casos de pessoas que acabam morrendo, vítimas de balas perdidas. As trocas de tiros costumam acontecer entre polícia e traficantes e entre grupos rivais de criminosos.
Segundo dados da ONG Fogo Cruzado, somente em 2018 foram contabilizadas 225 pessoas atingidas por balas perdidas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Desse total, 43 morreram após serem baleadas. A capital fluminense concentrou a maior parte dos casos, tendo 29 mortos e 121 feridos.
No decorrer da atuação do Exército, com a intervenção federal, em 2018 foram registrados 8.613 tiroteios ou disparos isolados de armas de fogo em toda a região metropolitana, que compreende 21 municípios. Se levado em consideração todo o ano de 2018, foram 9.651 tiroteios ou disparos isolados – um aumento de 61% em relação a 2017, quando foram apontados 5.993 registros.
A situação pode se complicar ainda mais com a proposta do novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Ele defende que as policias aumentem o número de snipers (atiradores de elite) que possam ser empregados em ações contra traficantes de drogas armados de fuzil – ele defende o “abate” desses criminosos sem que os policiais sejam responsabilizados por isso.
Witzel declarou que policiais bem treinados, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM e da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) da Polícia Civil, agirão para “abater” bandidos com fuzil. Ele voltou a repetir uma frase da campanha: “Prefiro defender um policial no tribunal do que ir ao funeral dele. Atirou, matou, está correto”. O governador eleito afirmou também que os policiais que matarem criminosos terão respaldo do Estado caso sejam levados a tribunais, e, nestes casos, deverão sair absolvidos.
Confira o vídeo abaixo: