A história de “Noite Feliz”, uma das músicas mais famosas de Natal

Feita por um padre austríaco em parceria com um organista, a música foi traduzida para mais de 300 idiomas.

Uma das canções mais conhecidas no mundo todo, uma das mais belas e emocionantes melodias, que enche nosso coração de paz e de esperança, foi no ano de 1818, precisamente no dia 24 de dezembro, que se ouviu pela primeira vez a canção conhecida no Brasil como “Noite Feliz”.

A letra da canção era na verdade um poema escrito pelo padre Joseph Mohr, da Áustria, um dia então, ele sentiu em seu coração o desejo de transformá-la numa melodia e para isso, pediu ajuda ao amigo organista Franz Xaver Gruber. Assim surgiu a mais famosa música de Natal, com tradução para mais de 300 idiomas e tocada aos quatro cantos do planeta terra.

No ano de 2011, a música foi listada como “Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)”.

O poema surgiu em um momento de dificuldade para o padre, em tempos de guerra, sob temperaturas congelantes da Europa e América do Norte. “Naquele mesmo ano, Salzburgo perdeu sua independência e foi incorporada à Áustria. As palavras deste cântico foram escritas nestas circunstâncias. Elas expressam uma ânsia por redenção e paz”, esclarece em palestra à BBC News Brasil, Peter Husty.

As dificuldades não impediram a propagação da canção. “O Cristianismo levou essa música para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global”, explica Thomas Hochradner, chefe do Departamento de Musicologia da Universidade Mozarteum, na Áustria.

A propagação de Stille Nacht em diversos idiomas resultou em traduções nada fiéis ao texto original. Muitas delas são, na verdade, adaptações. A versão em português, por exemplo, foi intitulada “Noite Feliz”, embora o título real seja algo como “Noite Silenciosa”.

“A primeira estrofe também abriga a frase ‘pobrezinho nasceu em Belém’, inexistente no poema austríaco. As chamadas traduções são novas poesias que tentam manter a mensagem do texto, mas precisam levar em conta o ritmo e as rimas (da língua)”, diz Hochradner.

O regime de Hitler tinha um problema óbvio com Natal: Jesus era judeu. E o antissemitismo estava no centro da existência da ditadura nazista. Por isso, sua equipe tentou remover todo o contexto religioso da celebração. Isso incluía reescrever canções natalinas sem referências a Deus, Cristo ou fé.