‘Adoção na Passarela’; Desfile oferece crianças para adoção e juízes repudiam

Os juízes entendem que "há várias outras formas e campanhas para adoção".

O evento em formato de desfile que aconteceu na última terça-feira, dia 21 de maio, em Cuiabá, “Adoção na Passarela”, recebeu nota pública de repúdio dos Juízes, representados pela Associação AJD, “Juízes para Democracia, a entidade é composta por 300 juízes e juízas, na esfera do poder judiciário, federais e estaduais.

Os magistrados declararam na quarta-feira (22), em nota, comparando o evento às “feiras de escravos”, expondo crianças e adolescentes como itens de propaganda para “parceiros”, de acordo com o entendimento deles.

O desfile foi promovido pela Associação Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção, em parceria com a Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional MT – “não só violou as garantias (das crianças e adolescentes), como expôs de forma duvidosa, para não dizer desumana, às graves situações de extrema vulnerabilidade emocional e social a que estão expostos”.

Em resposta através de nota oficial a OAB e Ampara, disseram que em momento algum tiveram a pretensão de prejudicar as crianças e que nenhuma delas foi forçada a participar, ainda disseram que o evento seria para valorização da “semana da adoção’ e para apresentar as crianças e adolescentes para concretização da adoção pelas famílias pretendentes.

“A ideia da ação visa promover a convivência social e mostrar a diversidade da construção familiar por meio da adoção com a participação das famílias adotivas. Nenhuma criança ou adolescente foi obrigado a participar do evento e todos eles expressaram aos organizadores alegria com a possibilidade de participarem de um momento como esse. A ação deu a eles a oportunidade de, em um mundo que os trata como se invisíveis fossem, poderem integrar uma convivência social, diretriz do Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária“, em nota, OAB e Ampara.

Para os juízes, “os fins não podem justificar os meios, a busca por uma família para eles não justifica tal exposição como se fossem mercadorias, segundo o parecer deles, isso viola a imagem e integridade moral e psíquica, delas”.

“Nos termos propostos, a iniciativa nos faz retroceder no tempo e nas conquistas e nos remete às feiras de escravos”. Em nota emitida pela AJD.