Culpado ou inocente? Pai do menino Bernardo fica frente a frente com jurados e diz quem matou o filho

O médico negou todas as acusações, afirmando categoricamente que a criança foi morta pela ex-mulher e madrasta do garoto, e pela amiga dela.

Na tarde desta quarta-feira (13), o médico Leandro Boldrini, que é acusado de matar o filho, Bernardo Uglione Boldrini, então com 11 anos, foi interrogado por três horas e meia, terceiro dia do julgamento popular do crime no Fórum de Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul.

No local do júri era grande a expectativa para a chegada de Leandro Boldrini nesta quarta-feira. Jurados, comunidade e imprensa já estavam posicionados no aguardo do réu, que foi o primeiro a ser interrogado no julgamento do caso Bernardo.

Passava das 15h quando Boldrini entrou com a cabeça erguida, porém olhando para baixo, e com os braços cruzados. Quando sentou, a juíza Sucilene Engler Werle informou o réu que ele tinha o direito de ficar em silêncio, mas alertou: “Os jurados poderão interpretar o silêncio como acharem conveniente.”

“Faço questão de falar”, respondeu Boldrini, aparentando segurança. Antes de começar a questioná-lo, a juíza fez a leitura da denúncia e do aditamento. Ela perguntou se os fatos narrados na denúncia eram verdadeiros.

O médico negou todas as acusações, afirmando categoricamente que a criança foi morta pela ex-mulher e madrasta do garoto, Graciele Ugulini, e pela amiga dela, Edelvânia Wirganovicz.

“Eu não mandei matar meu filho. Extraiam todo o meu sangue, me decapitem, façam o que quiserem fazer comigo, senhores jurados, mas vocês estarão incorrendo em um erro gravíssimo. Espero, com todo o respeito, que os senhores e senhoras jurados analisem todo o contexto probatório e vocês vão ver: como um pai vai mandar matar o filho? Isso não existe”, disse Leandro, olhando para os jurados.

No salão, uma das testemunhas que prestou depoimento em defesa do médico e assistia ao julgamento foi às lágrimas quando ouviu o apelo de Leandro. Procurada pelos repórteres presentes, preferiu não falar à reportagem.

O menino Bernardo foi morto em 2014, aos 11 anos, após ter ingerido uma superdosagem do medicamento Midazolam, que é um indutor de sono. O corpo da criança foi encontrado 10 dias depois, envolto em um saco plástico em uma cova no município gaúcho de Frederico Westphalen.

O réu responde por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica, por ter noticiado falsamente o desaparecimento do filho à polícia, conforme o Ministério Público.

Além do médico, da ex-mulher e da amiga dela também responde pelo crime Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia. Todos eles serão interrogados ao longo do julgamento, que teve início na última segunda-feira (11), em Três Passos.