Dona Izaulina dos Santos, de 102 anos de idade, nunca se casou e se orgulha disso ao dizer que “Homem dá muito trabalho”. Ela é reservada, bem humorada, de palavras curtas e sábias, olhar examinador e experiente, com autonomia de quem contempla o seu passado de luta com orgulho.
Desde nova ela recebeu o apelido de: “Rolinha”, o passarinho típico daqui, a beleza de traços graciosos de Izaulina combinava com a do pássaro, mesmo com o avançar dos anos, não apagou os traços delicados dela, só acrescentou delicadeza.
Izaulina é a mais velha de doze irmãos, hoje só restaram ela e Leoniza dos Santos Soares, sua irmã de 94 anos de idade, as duas sempre foram apegadas, confidentes, irmãs e melhores amigas. Leoniza se casou e teve uma filha chamada Cristina, que se derrete de carinho e se dedica à mãe e a tia, por ela muito amadas.
Sempre independente e bem resolvida, Izaulina teve diversos pretendentes, dois namorados e nenhum filho, enquanto sua irmã e suas amigas sonhavam com o príncipe encantado, Izaulina fugia do casamento.
“O medo de casar era tanto, que uma vez um dos pretendentes levou um 1 quilo de linguiça de presente para ela, pergunta se ela comeu. Comeu nada, jogou fora sem nem encostar dizendo que o que ele queria era casar com ela e poderia ter colocado um feitiço na carne, ela é que não ia correr o risco”, relata a sobrinha aos risos.
Izaulina sempre teve seu dinheiro, e para isso, ela trabalhou como doméstica por um tempo e só parou de trabalhar fora de casa, quando suas irmãs mais novas precisaram dela, daí Izaulina trocou a independência pelo altruísmo.
“Mais da metade da vida ela, além de trabalhar para fora, ela foi a cuidadora e companhia constante das irmãs quando a idade e os problemas começaram a chegar, ajudou a criar os 21 sobrinhos e esteve presente no nascimento dos incontáveis sobrinhos-netos”, relata Cristina.