Negligência? “E-mails mostram que vale ficou sabendo do problema na barragem dois dias antes do rompimento”

Troca de e-mails foi identificada pela PF. Em depoimento, engenheiro disse ter se sentido pressionado a assinar declaração de estabilidade da barragem.

A Polícia Federal que está investigando a empresa responsável pela tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais, identificou e-mails que mostram que a Vale havia identificado problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura dois dias antes do acidente.

A Vale informou em nota que, no segundo dia útil após o rompimento da barragem, entregou voluntariamente documentos e e-mails a procuradores da República e à Polícia Federal.

“A companhia se absterá de fazer comentários sobre particularidades das investigações de forma a preservar a apuração dos fatos pelas autoridades”, diz o texto da nota (leia a íntegra ao final desta reportagem).

Os engenheiros que foram responsáveis pelos laudos que atestavam que a barragem era segura, formam presos e prestaram depoimento, mas já estão em liberdade, eles contaram que se sentiram pressionados a assassinar o laudo atestando a estabilidade da barragem. Ao serem questionados se iriam ou não assinar o documento, eles responderam que se a vale tomasse todas as medidas de proteção assinariam, mas assinaram antes de qualquer medida ser tomada e que assinaram para não perderem o contrato com a empresa.

O delegado Luiz Augusto Nogueira, da Polícia Federal, comentou sobre à existência de e-mails trocados entre funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tec Wise, outra empresa contratada pela Vale, essas mensagens começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38, e se prolongaram até as 15h05 do dia seguinte. A barragem se rompeu em 25 de janeiro.

O conteúdo das mensagens é sobre dados obtidos por instrumentos automatizados (piezômetros) no dia 10/01/2019, instalados na barragem B1 do CCF, bem como acerca do não funcionamento de 5 (cinco) piezômetros automatizados”.

No depoimento dos engenheiros eles informaram que não sabiam sobre esses dados obtidos através dos sensores e somente depois que a barragem se rompeu foi que eles ficaram sabendo, no entanto, para não deixar passar de liso, depois que essas mensagens foram lidas para os engenheiros eles foram questionados:

“qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem”?

Ele respondeu que ligaria para o filho e também para a vale para que saísse do local e evacuassem toda a área dentro da zona de risco.

Nota da Vale

Leia a íntegra de nota divulgada pela Vale:

A Vale informa que vem colaborando proativamente e da forma mais célere possível com todas as autoridades que investigam as causas do rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. Como maior interessada no esclarecimento das causas desse rompimento, além de materiais apreendidos, a Vale entregou voluntariamente documentos e e-mails, no segundo dia útil após o evento, para procuradores da República e delegado da Polícia Federal. A companhia se absterá de fazer comentários sobre particularidades das investigações de forma a preservar a apuração dos fatos pelas autoridades.

Assessoria de Imprensa – Vale